terça-feira, 4 de junho de 2019

Línguas dos anjos e/ou línguas estranhas em Marcos 16.17?

A respeito de Marcos 16.17, especificamente a expressão ‘falarão novas línguas’, já ouvi opiniões divergentes com o trecho sacro em questão. Isto, eu deduzo, por causa de ideias pré-concebida. Inúmeras pessoas adentram o texto de modo ‘viciado’ devido à concepção que tem em mente recebida pelas informações e/ou experiências contemporâneas.
Anos atrás assisti um vídeo dum renomado pregador que dizia que todas as pessoas deveriam falar nas línguas dos anjos. Para tanto se pautou no trecho supracitado. Outra pessoa que prega em várias igrejas de denominações diferentes mencionou que as pessoas precisam falar em ‘línguas estranhas’ e, para corroborar com sua asseveração citou o mesmo versículo.
Afinal de contas, as afirmações acimas, querem na forma de ‘línguas angélicas’ ou ‘estranhas’ encontra-se respaldo no versículo encontrado em Marcos? Se tiver, os crentes em Jesus na contemporaneidade deverão se ater e, não ignorar a referida expressão ‘falarão novas línguas’.
Não podemos incorrer em erro crasso não atentando para o contexto. Sem esse pano de fundo poderemos tirar conclusão infundada. Por isso, devemos ler o parágrafo que compreende os versículos 14-20. Pois bem, Jesus tinha aparecido aos onze apóstolos após sua morte e ressurreição. Vale salientar que Cristo fala numa conjuntura da grande comissão (15,16). Guarde isso em mente, jamais deve ser esquecido. Nos versos seguintes (17,18) Jesus cita um bloco de sinais. Até hoje não entendo porque o foco é apenas num sinal, e não no conjunto de sinais. Talvez isso ocorra devido a uma leitura tendenciosa.
Parece-me que os sinais não seriam feitos à medida que as pessoas fossem salvas, portanto, cressem no evangelho. Analisando o trecho na sua inteireza, provavelmente, os sinais descritos feitos pelos apóstolos seguiriam a mensagem que pregavam, corroborando a palavra de seu testemunho. Como dito anteriormente Jesus apareceu aos onze apóstolos; o próprio Senhor ordenou-lhes que fossem por todo o mundo a fim de anunciar o evangelho. E, o versículo 20 sugere isso, pois registra: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram”.
A despeito da interpretação correta. Embora pense sinceramente que a apresentada está em harmonia com o contexto quero mostrar sucintamente o exame sobre a expressão ‘falarão novas línguas’ que é justamente o objetivo dessa postagem:

Em relação ao fenômeno bíblico de línguas a primeira menção encontra-se registrado em Marcos 16.17. O autor Marcos usa o vocábulo ‘kainais’ para ‘novas’. O emprego do termo 'kainós' e não o sinônimo 'néos' é esclarecedor neste assunto. Kainós se refere ao novo primariamente em referência à qualidade, ao novo não usado, enquanto néos se refere ao recente.
Se o falar línguas tivesse envolvido línguas desconhecidas, nunca antes faladas, então Cristo teria usado néos (novo em referência ao tempo). Mas, visto que ele empregou kainós, tem que se referir a línguas estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém, que já existiam antes.
As novas línguas de Marcos 16.17 são as mesmas encontradas em Atos 2.4, com a denominação de 'outras línguas'. O pronome empregado para outras é ‘heterais’, isto é, diferentes das que eles estavam acostumados a falar.

Compreende-se, portanto, que está excluída no próprio versículo evocado por muitos que não se refere a língua dos anjos tampouco as chamadas línguas estranhas como nos moldes atuais. Fiquemos com aquilo que a Palavra de Deus registra. Sola Scriptura!

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