quinta-feira, 30 de maio de 2019

Sugestões Homiléticas (IV)

A Biblioteca do Pregador

Após tecer, de maneira sucinta, o que é homilética e subtender o quanto é significativa para a nossa geração de pregadores julgo importante incluir esse tópico. Apresentarei no escopo as razões.

Tive um professor que vez ou outra recitava: “Você vale pelo que diz, diz pelo que pensa, pensa pelo que lê”. Sugiro que você, prezado ledor, medite um pouco sobre a frase. Uma dose reflexiva nunca vez mal a ninguém.

Como ministro da Palavra uso bastante as palavras. Sei muito bem que sem elas não posso desenvolver o pensamento concatenado, tampouco a relacionamento social, até mesmo a relação com o Eterno. O pensamento além de manifestar em palavras é o eixo delas por qual existe. Tudo que falamos é resultado no nosso pensamento. Utilizando a sentença supracitada nos falamos pelo que pensamos. E, pensamos pelo que lemos. Chego agora ao âmago da questão: o que temos lido?

A biblioteca é fundamental para o pregador, ainda mais por ter o Livro dos livros como referencial. A Bíblia deve estar presente na prateleira assim como na cabeceira da cama de cada crente em Jesus que tem a incumbência de anunciar a Palavra de Deus. Sem dúvida alguma pensamos a partir daquilo que lemos.

Digo a plenos pulmões que não sou um livre pensador! Deixo isso bem claro aos meus ouvintes. Isto porque sou cativo a Palavra de Deus. Eu penso a partir dela. É isso que cada pregador precisa ter em mente e incutir muito bem no coração. Embora possua livros diversos, sempre a minha avaliação é pelo viés bíblico-teológico. Não tenho como agir de forma diferente. Isso não significa que não sei avaliar a questão pela filosofia, psicologia ou sociologia. Ratifico que submeto todas as apreciações pela lente da Bíblia.

Pode ser que algumas pessoas queiram saber quais livros possuo na minha biblioteca. Não tenho [ainda] 500 livros. Quem sabe daqui uma década, se Deus assim permitir, alcance essa cifra. Contudo, a pergunta apropriada não é quantos livros eu possuo, mas sim quais livros eu tenho! Os livros adquiridos, centenas deles nos sebos por preço módico e bem preservados, foram selecionados. Nunca comprei um livro sequer no calor da emoção. Sou apaixonado por livros. Enamoro-os. Sendo que sou bastante seletivo. Priorizo os livros de pesquisas, aqueles que serão consultados no decorrer da vida por muitas e muitas vezes. Jamais comprei livros devocionais, porém, os que eu recebi de presente os li com bom gosto.

Uma boa biblioteca como disse anteriormente é essencial para quem aprecia e estuda a Bíblia, por sua vez, faz exposição bíblica. No que tange as versões da Bíblia em solo pátrio se pudesse teria todas. A pluralidade de versões bíblica é muito bem quisto por mim. Existem alguns pregadores que não veem dessa maneira, porém, penso que se conhecesse melhor o processo de tradução e suas dificuldades hercúleas e, ainda tivessem noção do hebraico e grego provavelmente mudariam de opinião. É só um palpite.

Conheço pessoas que criticam tanto umas versões de Bíblia que falam como se fossem especialistas. Entretanto, quando aproximo dessas por curiosidade constato que geralmente tem um português sofrível, e não sabe bulhufas das línguas originais. Uns tem até noção, porém, denota parco conhecimento das línguas. Deveria ter mais humildade e gratidão pelas doutas comissões que se reúnem com a finalidade de tornar a Bíblia inteligível.

No tocante as famigeradas comparações de versão eu não acho apropriado pegar uma protestante e colocar ao lado doutra protestante. É valido para ampliar o sentido do trecho escriturístico, etc e tal. Todavia, em termo de verificação penso que deveria pegar uma versão protestante e colocar ao lado de uma católica. A questão não é determinar qual é a melhor, mas extrair o máximo delas para a sua própria compreensão. Agora, o ideal é ter a versão aferidora. Dito de outra maneira: ter versão na língua original, hebraico e grego.

Em uma biblioteca não pode faltar as Bíblias de Estudos. Lembro, no entanto, que as notas de rodapés não constituem parte dos originais. Existem uns pregadores que sacralizam as notas que foram feitas para auxiliar os leitores. Não devemos confundir alho com bugalho, por favor.

Acrescentaria nesse quesito comentários bíblicos, eu particularmente, prefiro os exegéticos. Os demais têm seu valor e importância. Dicionários bíblicos e teológicos são bem vindos. Os léxicos – dicionários das línguas originais não podem faltar. Não posso deixar de fora as concordâncias. Vale apenas manuseá-las. Enfim, os outros livros devem ser adquiridos com critérios estabelecidos por você mesmo. Incluso, livros de conhecimentos gerais. Qual é a sua prioridade?

Quero chamar a sua atenção de que o seu falar é formado com base naquilo que você pensa, por sua vez, no que tem lido. Suponhamos que você aprecie determinado pregador, verifique quais livros ele tem lido. Está aí o fundamento do pensamento que é expresso em palavras. Simples assim, não acha?

Como pregador deseja fazer um belo investimento? Empregue dinheiro na formação de uma biblioteca, ainda que básica, mas não deixe de aplicar. Está com pouco dinheiro? Lembre-se que existem diversos sebos pelo Brasil a fora. É muito mais em conta e, pasme encontra-se livros novíssimos, que foram sequer lidos ou apenas uma vez.

De qualquer forma monte uma biblioteca. Comece devagar, seja rigoroso, veja qual livro é sua prioridade. Quer compreender o Novo Testamento? Que tal adquirir uma Introdução ao Novo Testamento então! Mais uma dica. 

Que Deus abençoe ricamente. 

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Sugestões Homiléticas (Parte III)

Homilética, o que é isso? (Material Revisado)

A homilética é nada mais do que a arte de pregar. Por isso, pode ser aprendida. A pessoa que tem a tarefa de expor a Bíblia deve ser habilitada a fim de cumprir o seu propósito. Adianto-me, informo que o objetivo não é o pregador ser reconhecido e visto como o tal. É tornar a mensagem compreensível, portanto, necessita comunicar a Palavra de Deus corretamente. 

Algumas pessoas tem ojeriza a homilética. Acham-na ‘fria’, ‘mecânica’ e até desnecessária. Deduzem que se usarem técnicas deixarão de confiar no poder divino. Ledo engano. Outras chegaram a fazer a disciplina quer na igreja local, no seminário teológico ou noutro lugar, porém, não compreenderam bem a importância da homilética. Estas pessoas deveriam considerar e, voltar aos bancos, para aprender de modo que coloquem em práticas os conhecimentos repassados e adquiridos. Será de bom alvitre! Tenho certeza disto.

Enfim, a homilética não tem a finalidade de engessar o pregador. Ela oferece ferramentas uteis para a nobre e árdua tarefa da pregação. Em livros mais antigos, que foram consultados no decorrer da minha vida ministerial, reparei que algumas coisas são ultrapassadas e, o bom senso faz com que as deixemos de lado. Todavia, existem coisas que são relevantes, precisando ser mantidas até os dias atuais. Cabe ao leitor análise e senso crítico.

Julgo necessária uma digressão. Todo tipo de arte existente devidamente ensinada pode ser aprendida. Não é diferente com a homilética. Esta pode ser bem assimilada até mesmo por um crente em Jesus que não possui o dom específico para desenvolver o estudo e a exposição escriturística. Não basta apenas ter vontade, faz-se necessário decidir. Sem a determinação não chega a lugar algum. 

Agora, quem tem a incumbência de pregar a Palavra deve incutir na mente e coração que é imperioso a preparação, inclusive, com ferramentas homilética. Mesmo tendo recebido a chamada e dom para essa tarefa precisa se esmerar. O dom espiritual em si não o exime de sua responsabilidade de desenvolvê-lo e, usá-lo adequadamente.

Parto do princípio de que o pregador (esse é que tenho em vista) é alguém que foi alcançado pelo Evangelho. Teve a sua vida transformada pelo poder de Deus. O Espírito Santo habita nele, e guia-o em toda a verdade. E, por causa disto não vou deter-me sobre a vida espiritual, que é imprescindível, nessa módica apresentação. Espero a compreensão da parte do leitor e, aquele que sentir-se entristecido pela não inclusão do tópico receba minhas sinceras desculpas.  

terça-feira, 28 de maio de 2019

Sugestões Homiléticas (Parte II)

Homilética, o que é isso?   

A homilética nada mais é do que a arte de pregar. E como tal pode ser aprendida! É claro que uns são chamados para o ministério da palavra, devem ser aptos para ensinar/pregar. Contudo, já que toda a arte pode ser aprendida com a homilética não é diferente. Todo crente em Jesus pode se ensinado a aprender como pregar, sim. Apesar disto, essa obra foca exclusivamente nos pregadores leigos.

Existem pessoas que não aprendem porque não são ‘ensináveis’. Dito de outra maneira: Não tem humildade para aprender! Entretanto, o pregador deve ter essa disposição para instruir-se. Precisa saber que não sabe tudo e que pode aprender sempre algo novo a cada dia. Nesse sentido a vida consiste num eterno aprendizado. Apesar de ter feito seminário, sou bacharel em teologia, continuo com os meus estudos diários passados doze anos da conclusão do referido curso. O estudo da palavra de Deus é inesgotável. 

A minha relação com a Bíblia é especial. A minha vida cristã começou através da leitura do Novo Testamento. Adolescente eu debrucei sobre a Bíblia para lê-la minuciosamente, essa era a intenção, e fui tocado pelo Espírito Santo. Converti-me a Jesus em casa numa noite realmente inesquecível. Frequentei a classe de novos convertidos, dei pública profissão de fé e desci às águas batismais.

No início da juventude comecei a fazer cursos bíblicos por correspondências. Quero mostrar que não comecei de cima, ao contrário, após engatinhar como bebê na fé, eu dei meus primeiros passos. Adiante comecei a subir degrau por degrau. Confesso que ainda hoje continuar a subir a escada do aprendizado escriturístico.

Algo que me ajuda além da vontade de aprender é a curiosidade. Alguém disse que a curiosidade é aquela coceira que de vez em quando dá em nossa mente. Neste aspecto, confesso, sou bastante curioso! Guarde isso no seu coração, poderá ser muito útil.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Um parêntesis acerca das sugestões homiléticas

Tenho a Bíblia como única regra de fé e prática. Entendo que a revelação é progressiva e, como tal teve fim, culminou na pessoa bendita de Cristo Jesus. Cristo é o clímax da revelação de Deus! Logo, interpreto a Bíblia à luz da pessoa, obra e ensino de Cristo Jesus. Ele é a chave de minha interpretação. Então, creio piamente na suficiência das Escrituras. A Bíblia é a revelação completa da parte de Deus a humanidade. E, concebo que o Cânon encerrou-se. Não se admite acréscimo muito menos subtração da Bíblia.

Parto do princípio de que o leitor quer como pregador ou um pregador em potencial é uma pessoa convertida a Jesus. Então, o Espírito Santo já habita e norteia a sua vida. Recomendo para que leia essa obra em oração e na dependência do próprio Espírito. Aliás, vida cristã é vida no Espírito Santo de Deus.

Caso o leitor ainda não seja um cristão, porém, se interessa pelo assunto, quem sabe deseja lá no íntimo um dia ser instrumento de Deus, inclusive na pregação. saiba que existe na Bíblia o registro de um homem chamado Cornélio. Diz-se dele que era temente a Deus, dava esmola e fazia orações a Deus. E, Deus ouviu suas orações! Diz ainda que ele ouviu posteriormente a mensagem de Deus, converteu-se a Jesus e foi batizado. Deus, prezado leitor, lhe conhece e, se você se arrepender de seus pecados e colocar sua fé na pessoa de Jesus, reconhecendo como único e suficiente Salvador obterá o perdão divino. Consequentemente a vida eterna. Desfrutará de paz de mente e espírito e contará também com a presença do Espírito Santo em sua vida. Se este for o seu caso, dê uma pausa, faça oração a Deus, pois lhe ouvirá. Acredite nisto, creia em Jesus. Que Deus o abençoe ricamente.

domingo, 26 de maio de 2019

A pessoa e obra do Espírito Santo (Parte I)

   Antes de falar quem é a pessoa do Espírito Santo, sinto-me na obrigação de dizer o que não é. O Espírito Santo não é uma força ativa, em vista disso, impessoal. Tampouco é uma energia como a eletricidade. Aliás, o comportamento ‘eletrizante’ de alguns em reuniões cúlticas sequer possui amparo escriturístico. Uns parecem estar recebendo descarga elétrica! Vimos então que o Espírito não é um fluído de poder impessoal muito menos energia. Ainda é preciso deixar claro que também não é apenas ‘doutrina’. É bom que se diga que doutrina em si não é ruim; é boa quando fundamentada nas Sagradas Escrituras. Neste aspecto, doutrina é vida!

   Podemos, agora, fazer algumas afirmações no que tange ao Espírito Santo. Este é uma pessoa. Quando digo que é uma pessoa refiro-me no sentido de ter poderes de consciência própria e uma determinação própria. O que caracteriza uma pessoa é a inteligência, essencialmente a forma de consciência própria, a determinação própria e a consciência moral. Uma pessoa, por exemplo, conhece o mundo que a rodeia e, sobretudo conhece-se a si mesma com relação a esse mundo e com outras pessoas. Por isso tem poder de olhar pra frente e escolher seu próprio curso. Além disto, é um ser moral. Em relação ao Espírito Santo como pessoa é “uma existência inteligente, consciente de si mesma, que tem direção própria e é moral”.  

   O Espírito Santo sabe as coisas mais profundas de Deus: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Coríntios 2.10).

   O Espírito Santo tem vontade, possui o poder de querer: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Coríntios 12.11).

   De acordo com Romanos 8.27 fica patente a intenção do Espírito Santo: “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”.

   Também em Romanos 15.30 consta mais um atributo pessoal do Espírito que é amor: “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus”.
 
   O Espírito pode ser entristecido como vemos em Efésios 4.30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”.

   Até o presente momento vimos que é atribuído ao Espírito Santo o poder de saber; o poder de querer; que tem intenção, ou seja, revela o propósito dele; que ama, isto é, tem essa capacidade. Diga-se de passagem, que Deus é amor. E, como pessoa pode ser até entristecido.
(Continua)

Atos 1.8 - Poder do Alto

“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”

Este versículo é bastante conhecido. Jesus havia dito aos seus discípulos que receberiam poder para ser testemunhas. Alguns acham que esse poder é para mera exibição espiritual. Estes não compreenderam corretamente o que Jesus disse. Outros exageram ao ponto de afirmar que a palavra ‘poder’ em grego significa um poder de dinamite. Realmente isso o autor não tinha em mente, visto que, a dinamite até então não tinha sido inventada!

Uma historieta: um crente argentino quando esteve no Brasil foi à determinada reunião cúltica. Nesta tinha muita agitação, movimentação, algaravia e bastante barulho. Ao término, perguntou a pessoa que o conduzira até aquele local o porquê de tanto estardalhaço. Como resposta ouviu que aquilo tudo era resultado do 'poder'. Ao que o ‘hermano’ acrescentou: só se for poder de destruir os tímpanos! Essa história real auxilia-nos a não confundir o genuíno poder divino com a capacidade do homem de produzir barulheira no culto. São coisas distintas.

Agora, tem uma ‘cosita’: tem uns que alegam ter poder do alto, porém, não tem caráter. O poder espiritual dado por Cristo Jesus para ser sua testemunha não os isenta de manifestarem o fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23). Portanto, tanto o poder quanto o caráter devem ser patentes nas testemunhas de Cristo.

Ps: Poder em grego é δυναμις, ou seja, dynamis – essa é a transliteração. É justamente a raiz das palavras ‘dinâmico’, ‘dinamite’, e ‘dínamo’, porém, como salientado a dinamite sequer existia, por isso certamente o autor sacro não tinha esse conceito.

Hermano = Palavra em espanhol que significa irmão, parceiro, companheiro.

Cosita – Palavra em espanhol que significa coisinha.

sábado, 25 de maio de 2019

Sugestões Homiléticas (Parte I)

Para o pregador é imprescindível à conversão genuína a Deus. Parto então do princípio de que o pregador é alguém que experimentou o novo nascimento, ou seja, é nova criatura em Cristo Jesus. Por isso, anda em novidade de vida. É guiado pelo Espírito Santo que habita nele. Sendo que essa habitação divina não o exime de certas responsabilidades como anunciador do evangelho. Daí a importância da homilética que é a arte de pregar.

 Senti-me encorajado a escrever sobre uma das minhas paixões nessa vida: a pregação. Esta tem sido razão para o meu viver, não estou exagerando, acredite em mim.

Aprecio ouvir [boa] pregação. Sou capaz de ouvir inúmeras com a mesma atenção e ânimo. Aprendi com o tempo a arte da ‘escutatória’ (risos). Os meus ouvidos deleitam-se em acolher a mensagem divina.

Além de ser ouvinte no que tange a pregação bíblica, sou pela graça e misericórdia divina (tão somente por causa disto) pregador. Tenho o senso tanto do privilégio quanto da responsabilidade dessa nobre e árdua tarefa.

Sinceramente, quando estou no púlpito pregando e/ou ensinando tenho vontade de ficar ali o tempo todo. Não quero que aquele momento sublime acabe nunca! Ficaria a manhã, tarde e noite a proclamar a Palavra de Deus.

Em abril de 2008 fui consagrado ao ministério da Palavra. E, por isto recai sobre os meus ombros a incumbência de incentivar, principalmente, os chamados pregadores leigos. Sim, esta série foi escrito para vocês, com a finalidade de esmerarem-se na pregação. Compartilho, então, sugestões homilética, deixando claro que são apenas dicas, não tem caráter obrigatório, normativo, portanto. Contudo, espero que seja útil nalguma coisa. Se ao menos conseguir ajudar um leitor, digo, pregador dou-me por satisfeito, enormemente recompensado.

Embora seja escrita por um ministro da Palavra que passou pelo seminário teológico, diga-se de passagem, confessional, objetiva-se linguagem simples de modo que todo e qualquer leitor compreenda as propostas. No final, ofereço uma lista em ordem crescente de obras para aprofundamento por parte daqueles interessados. Estas poderão no porvir serem consultadas ou adquiridas.
 
Evitarei termos teológicos difíceis, e se porventura constar algum a definição será dada imediatamente para que todos possam acompanhar as recomendações. Quero facilitar as coisas, jamais complicar. Viso assessorar cada crente em Jesus, por isso se algum destes discordar de mim nalgum quesito, saiba de antemão que não tenho a pretensão de fazê-lo mudar de ideia. Afinal, essa modesta obra não é um manual de homilética, nem cabe no escopo o debate em relação aos métodos empregados no preparo do sermão, por exemplo. Insisto, são apenas observações que poderão ser aceitas ou não. Inclusive, tenho certeza de que algumas colocações serão analisadas e, até melhorados por uns leitores. E, isto não me causará nenhum constrangimento, ao contrário, alegrará o meu coração!

Suplico a Deus que uma vez mais me ajude e use para que seja benção na vida do distinto ledor.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Princípios de Interpretação

Interpretar o Antigo Testamento não é algo fácil. O estudo deste precisa ser feito diligentemente. Para compreender uma passagem ou descobrir um trecho das Escrituras hebraicas devem considerar algumas coisas.

1) A posição histórica do escritor. Isto é importante, não pode ser relegado. Por isso deve-se incluir a história da época, as condições sociais e religiosas predominantes. É de bom alvitre conhecer a vida particular do autor e, se possível, os seus antecedentes.

2) A língua original em que o autor se expressou. Sabe-se que toda tradução implica necessariamente numa interpretação. Tendo isso em mente, o conhecimento da língua hebraica é indispensável para uma elucidação salutar do Antigo Testamento. Caso o estudante não tenha noção do hebraico bíblico sugiro que busque os melhores comentários acerca do texto original. Isto significa que me refiro aos comentários exegéticos.

3) O contexto da passagem. Os escritores sacros não escreveram cada versículo no vácuo, porém, seguiram a lógica e a razão, passando de um verso a outro. Por isso cada versículo precisa relacionar-se com os outros, de que faz parte. O versículo jamais poderá ser considerado estanque; ele faz parte de texto/contexto. Além do que não pode ignorar que a revelação é progressiva no Antigo Testamento.

4) A natureza da literatura. O gênero literário é importantíssimo para o aclaramento textual. Se o estilo do livro for ignorado a compreensão será totalmente comprometida.

5) As relações existentes com o seu futuro cumprimento.O Novo Testamento revela as verdades ‘escondidas’ no Antigo Testamento. Algumas verdades, que nem os próprios autores nem os expositores judaicos descobriram em suas declarações do Antigo Testamento, só se tornaram cristalinas em Jesus Cristo. Então, deve-se determinar primeiramente o que a passagem teria significado para o escritor e para sua geração. Após, procurar saber a relação que terá no plano eterno de Deus, que o próprio escritor talvez não compreendesse, mas que agora, para os que vivem na plenitude da luz da revelação, é claro.

* Francisco, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. 5.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1995. 288p.

O texto foi adaptado. Os princípios de interpretação foram extraídos das páginas 16 e 17 da obra aludida. Não foi pretendido aqui originalidade, em hipótese alguma, senão oferecer conceitos hermenêuticos para auxiliar os leitores hodiernos. 

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Orientações Hermenêuticas acerca do Antigo Testamento

O autor mencionado abaixo contribuiu bastante para o meu entendimento acerca do Primeiro Testamento. Ele como estudioso da área oferece dicas valiosas. Elas foram retiradas de sua obra. Fala tanto sobre o que fazer quanto aquilo que não deve ser feito. Espero com isso auxiliar o ledor contemporâneo.

a) Atentar para a situação histórica, pois é fundamental para a assimilação do teor textual.

b) É impossível interpretar um texto deslocado do seu lugar e do sentido histórico.

c) Não fragmentar o Antigo Testamento, mas vê-lo como todo.

d) A maior dificuldade que uma pessoa tem em compreender o Antigo Testamento é justamente a inadequada compreensão de sua literatura.

e) É preciso conhecer o estilo literário de cada autor do Antigo Testamento.


* Francisco, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. 5.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1995.

Ps: As orientações aplicam-se perfeitamente também ao Novo Testamento. 

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Dicas para pregadores de 'primeira viagem' (Parte I)

   Seguem nessa singela postagem algumas sugestões para os pregadores de ‘primeira viagem’. Antes, porém, parto do princípio de que vocês são crentes em Jesus e, por motivos vários foram convidados a pregarem a Palavra de Deus.

   Diante disso, explicito tanto a responsabilidade quanto o privilégio que cada um de vocês tem. Estas duas coisas devem ser guardadas no coração e mente de todo o pregador. É natural que vocês encontrem-se nervosos, senão temerosos. Sendo que isso é perfeitamente normal, coisa da nossa própria humanidade. No entanto, vocês foram convidados para uma tarefa sublime que requer algumas coisinhas. Não esperem que seja como receita de bolo, algo pronto. Não, não é assim. Existem particularidades e nuances. Por isso, cada um deve ajustar a sua realidade.

   Acho importante serem gratos a Deus por terem sido confiados em expor a Palavra de Deus. Então, com gratidão no coração segue-se a oração. Esta é essencial para o bom andamento do preparo e exposição da mensagem divina. Faça oração, seja objetivo. Peça a Deus orientação sobre o trecho a ser lido e selecionado para basear-se o preparo do esboço.

   Faço uma pausa. Existem algumas pessoas que tem resistências em relação à utilização de esboços. Eu, particularmente, fico muito mais a vontade com eles, pois me norteiam na hora da pregação e dessa maneira evito divagações. Contudo, ainda que vocês não usem esboços, há ao menos reconhecer de que precisam escolher o texto bíblico, lê-lo, entendê-lo para fazer as devidas aplicações.

   Apesar de ter colocado a oração em primeiro lugar, quero que entendam que todo o processo de preparo e de entrega da mensagem necessita ser regada a oração, certo? Acho interessante escolher um texto sacro que tenha a ver com a temática, por exemplo, se a programação é de cunho evangelístico penso que por coerência deve-se apropriar-se de um trecho com o mesmo teor. Isto está relacionado ao objetivo da pregação.

   Escolhido o texto sugiro que façam leitura tanto em voz baixa quanto em voz alta - posteriormente. Entendo que vocês precisam ‘familiarizar-se’ com o trecho sagrado. A leitura atenta e bem feita é indispensável. Se alguns de vocês tiverem dificuldades [com leitura], leiam devagar, quantas vezes forem necessárias, afim de compreendam realmente o que está sendo lido. Prestem atenção nos verbos, pois estes exprimem ação!

   Suponhamos que eu pregue em João 3.16. Trecho áureo - bastante conhecido. Eu, mesmo pautando-me no verso vou considerar não apenas o capítulo 3 inteiro, como o Evangelho de João todo! Por isso, acho sumamente importante saber o que antecede o texto aludido assim como o que vem depois. Significa que caso não saiba o contexto optaria em ler o Evangelho numa só assentada, preferencialmente, só para ter uma ‘visão panorâmica’ do livro em questão. Investiria algumas horas na leitura cuidadosa desse estimado Evangelho.

   Selecionado e lido o texto, buscaria nele a ideia central. Nem sempre é fácil ‘descobrir’ a ideia fulcral, mas não arredaria o pé dali enquanto não tivesse essa noção. E, as ideias periféricas precisam ser ‘descobertas’. Além da dica de observar os verbos no trecho bíblico é bom salientar de que cada parágrafo tem uma ideia de pensamento [autoral]. Então, compete ao intérprete contemporâneo descobri-la. Atente para a repetição, o autor, por exemplo, pode usar termo sinônimo para reforçar o que ele tem em mente.

   Uma vez que vocês entenderem o texto aludido poderão agora passar para a interpretação deste. Requer conhecimento histórico, social, linguístico, religioso, etc e tal. Estas informações poderão ser obtidas através de dicionários e comentários bíblicos. Depois disto terão mais chances de fazerem aplicações plausíveis. 

Falarão Novas Línguas

   Em relação ao fenômeno bíblico de línguas a primeira menção encontra-se registrado em Marcos 16.17. O autor Marcos usa o vocábulo ‘kainais’ para ‘novas’. O emprego do termo 'kainós' e não o sinônimo 'néos' é esclarecedor neste assunto. Kainós se refere ao novo primariamente em referência à qualidade, ao novo não usado, enquanto néos se refere ao recente.

   Se o falar línguas tivesse envolvido línguas desconhecidas, nunca antes faladas, então Cristo teria usado néos (novo em referência ao tempo). Mas, visto que ele empregou kainós, tem que se referir a línguas estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém, que já existiam antes.

   As novas línguas de Marcos 16.17 são as mesmas encontradas em Atos 2.4, com a denominação de 'outras línguas'. O pronome empregado para outras é ‘heterais’, isto é, diferentes das que eles estavam acostumados a falar.

* The Modern Tongues Movement. Robert G. Gromacki. (Adaptado)

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Homilética Prática – Thomas Hawkins, 2ª edição. Rio de Janeiro, JUERP, 1978. 108 p.

Tenho em mãos um livro de Hawkins sobre Homilética. É um manual sobre como preparar esboço visando o pregador leigo. Pautado nele darei algumas dicas. Aviso de início que seguirei as ideias principais do livro, porém, o que se verá no bojo será inteira responsabilidade de minha parte. Este não quer em hipótese alguma originalidade, não é isso que se pretende, sequer cogitou tal coisa. Contudo, a informação dada é pra evitar espanto caso alguém possua a obra aludida.
De maneira sucinta e objetiva a homilética é a arte da pregação. Como arte pode ser aprendida e, por isso, ao alcance de todo crente em Jesus.
Existe muita gente bem intencionada no que tange a pregação, porém, verifica-se que nem todo mundo está habilitado para a nobre tarefa. Antes que alguém diga que ‘quem capacita é Deus’, no qual concordo plenamente, adianto-me que isso não exime o pregador de sua responsabilidade em relação ao preparo do esboço.
De fato bastante gente prega a Palavra de Deus, porém, nem sempre faz adequadamente e/ou corretamente. Sobre isso ficará esclarecido no decurso dessa exposição. Contudo, escrevo justamente para auxiliar o pregador denominado leigo. Espero realmente ser útil a cada um.
Há muitos livros bons sobre homilética publicado em língua portuguesa. Além desta obra referida, que possivelmente encontra-se em sebo, visto que é material antigo. Recomendo outro, José da silva – Um Pregador Leigo (anteriormente publicado pela então JUERP, mas atualmente relançado pela editora Convicção em parceria com a Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira).

Continua...

Batismo no Espírito

A expressão 'batizado no Espírito Santo' é indicado para a primeira experiência; não uma subsequente.
O vocábulo 'batizar' dá a ideia de uma só experiência inicial. Portanto, é na conversão, e não posteriormente que somos imersos no Espírito.