domingo, 16 de junho de 2019

Testemunho

Parte da minha infância foi numa igreja batista tradicional. Na adolescência desci às águas batismais na mesma grei. Entretanto, alguns amigos do colégio me convidavam quando tinha programações especiais nas suas igrejas. De certa maneira passei a conhecer as igrejas pentecostais e, algumas poucas, neo pentecostais.
Lembro-me dos meus amigos questionando acerca do batismo no Espírito Santo. Afinal, na igreja da qual fazia parte não se falava em línguas tampouco se buscava a chamada ‘segunda benção’. Naquela época respondia-os que o dom de línguas eram idiomas humanos e que o batismo espiritual dava-se na conversão. Apesar de ser leitor da Bíblia as minhas respostas eram, na verdade, entendimento de outros cristãos tradicionais.
Foi na juventude que comecei a questionar de fato a respeito do dom de línguas e batismo no Espírito Santo. Isso se deu no período mais difícil de minha vida, que evito expô-lo, mas onde tive apoio irrestrito de irmãos pentecostais. Embora, os irmãos tradicionais estivessem dando-me suporte também. Nessa época participei de múltiplas reuniões de cunho pentecostal. Devore, inclusive, os livros desse segmento.
Numa noite, em meio à crise (a qual eu me reservo) participei duma vigília onde as pessoas objetivavam serem batizadas no Espírito Santo. Deus sabia perfeitamente do meu momento tênue, de igual modo de minha sinceridade e o desejo de fazer tão somente a vontade dele. Naquela reunião entreguei-me de corpo e alma. Assim como os demais irmãos, presentes, buscamos o ‘revestimento de poder’, afinal de contas, sendo proveniente do Espírito jamais desprezaríamos tal benção. Não obstante a sinceridade e o anseio de todos, assim como a abertura de coração, etc e tal, só uns poucos emitiram sons ininteligíveis, os quais foram declarados como ‘batizados no Espírito’.
A partir daí eu é que comecei a indagar: Se o batismo espiritual é para todos porque nem todos são imersos no Espírito? Por que não fala em línguas os que buscam de todo o coração o revestimento de poder? Essas perguntas eram sinceras; não de coração ou de mente incrédula. Desejei no íntimo saber a verdade. Estaria a verdade de que lado? Do lado tradicional ou pentecostal? Ou, de repente ambos estariam errados? Independente da resposta divina até então iniciara em minha vida a busca pela verdade e, nada mais do que a verdade. Do mesmo modo que fui incentivado a inquirir a respeito das doutrinas esposadas pelos tradicionais, embora ainda fosse um, passei a adotar o mesmo critério no que tange as doutrinas defendidas pelos pentecostais. Definido ficou que buscaria a verdade na própria Palavra de Deus. A Bíblia seria então aferidora! Foi nesse tempo que anelei do fundo de minha alma aprender o grego koinê a fim de verificar os manuscritos originais. Isso se deu nove anos depois no seminário teológico.
Como foi que Deus me respondeu? Bem, orei com todo o meu ser a Deus. Supliquei direção, sobretudo, iluminação do Espírito Santo. A resposta divina veio de maneira natural, porém, resultado de algo sobrenatural. Certo domingo pela manhã eu liguei o rádio. Sintonizei numa emissora de programação evangélica. O reverendo Guilhermino Cunha da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro pregou justamente em Atos 2. Versou sobre o batismo no Espírito Santo e as línguas faladas naquele evento. Entendi aquilo como resposta de Deus. Alguns poderiam falar que foi coincidência, porém, sei de maneira que não consigo explicar que Deus falou justamente comigo. A voz divina foi inconfundível. Após, recebi material evangélico de uma educadora cristã doutra região do estado do Rio de Janeiro que vinha ao encontro ao meu anseio. Com as revistas trimestrais em mãos realizava as leituras e estudos bíblicos. E, cada vez mais o Senhor falava ao meu coração através da Bíblia.
Como disse estava disposto em saber a verdade. E, tinha que me apegar a algo realmente seguro, por isso, detive-me na Bíblia. Percebi que não podia pautar-me na experiência religiosa minha, muito menos de outrem. A partir daí todo e qualquer assunto seja teológico ou não, eu busco orientação segura na Palavra de Deus. Posso garantir o apreço que tenho pela Bíblia, assim como admiração até hoje, mesmo passada duas décadas.
Eu, Gustavo Luiz, disse a verdade – não menti em nenhum momento. Deus é minha testemunha.

Batismo Espiritual e Plenitude do Espírito: Coisas distintas

Muito se tem dito acerca da pessoa do Espírito Santo, porém, isso não me deixa acanhado até por que sou cristão denominado batista tradicional cujo próprio Espírito habita em mim, e me guia em toda a verdade. Esta não se encontra fora da Escritura, mas especificamente nela.  
Acredito piamente que vida cristã é vida no Espírito. Este, que trabalhou tanto no convencimento do pecado, da justiça e do juízo quanto na santificação que ainda opera em minha vida. A presença real da terceira pessoa da Trindade é mais do que confortadora é autenticadora da obra divina em mim.
Dito isso, conforme mencionei sou cristão antes de tudo. Entretanto, estou atrelado ao arraial tradicional. A minha denominação é histórica. O grupo chamado batista surgiu em 1609 na Holanda. Pois bem, no Brasil sou visto por alguns, como se não fosse batizado no Espírito Santo pelo fato de não ter emitido uns sons ininteligíveis. Julgo necessário esclarecer que tenho amigos e irmãos em Cristo no movimento pentecostal. Frequentei esse meio por décadas, e ainda tenho parentes ligados a ele. Conheço suas doutrinas e práticas, inclusive, os seus bastidores. Contudo, a ‘experiência pentecostal’ não a tive, nem ao menos a busco pelas razões que serão apresentadas.
Desde a adolescência que irmãos em Cristo de outras denominações indagam-me do fato de não falar em línguas tampouco buscar o batismo no Espírito Santo. Ora, deixo claro que os tradicionais não são incrédulos. Creem sim, no batismo espiritual e no autêntico dom de línguas. Acontece que embora o movimento pentecostal seja hercúleo no Brasil e mundo, surgiu por volta de 1900. Quando eu comparo com os mais de dois mil anos de Cristianismo digo que é um movimento ‘recente’. Espero compreensão disto por parte dos leitores. Então, quando este movimento começou o grupo do qual faço parte já existia há pelo menos três séculos! Logo, foram os pentecostais que introduziram ensinos ‘novos’.
Tendo isso em mente, prossigo, os tradicionais acreditam piamente que o batismo espiritual ocorre no ato de conversão. É obra iniciatória do Espírito no crente em Jesus. Nesse caso todos são batizados no Espírito! Inexiste a ideia de que uns são ‘revestidos de poder’ e outros não. Todos em nosso entendimento possuem, melhor dizendo são, possuídos pelo Espírito Santo que, por sua vez, conferem poder espiritual.
Em relação às línguas não a vemos como evidência do batismo no Espírito. Ademais, se elas constituíssem algum sinal seriam na forma de idiomas humanos conforme se deu no Pentecostes (Cf. Atos 2.4,6,8,11). Em Atos dos Apóstolos são descritos apenas três fenômenos de línguas, ainda assim num período que compreende duas décadas. A partir do Pentecostes o segundo caso ocorreu cerca de sete ou oito anos depois; já o terceiro  último deu-se aproximadamente vinte e anos após o evento pentecostal.
Outra coisa curiosa é que não há mandamento em o Novo Testamento para buscar o batismo no Espírito. O ensino da chamada ‘segunda benção’ começou no início do século 20. Quanto à evidência do batismo espiritual há divergência entre os chamados pentecostais, carismáticos e neopentecostais. É bom que se diga que teve uns grupos antes do movimento que chegaram a buscar o dom de línguas, mas desejavam na forma de idiomas humanos a fim de utilizá-los na obra missionária. Todavia, não tiveram êxito.
Ratifico que sou batizado sim, no Espírito Santo. E, se deu no começo da vida cristã. Essa é a minha experiência respaldada pela própria Escritura. Entretanto, depois dessa ‘benção’ inicial tive outras inúmeras bênçãos com ou no Espírito. É bom que se diga que a Bíblia mostra que devemos ser cheios do Espírito (Cf. Ef 5.18 b). E, quanto à plenitude do Espírito, essa sim, eu almejo e procuro, pois é orientação paulina.

Como receber o batismo no Espírito Santo

Esta sentença encontra-se aos montes na rede mundial de computadores. E, apesar de ser bastante disseminado na Web não tem amparo bíblico. Inexiste no Novo Testamento qualquer sugestão, insinuação, muito menos recomendação e/ou ordem no sentido de se buscar o batismo espiritual.
Qualquer leitor pode fazer uma ‘varredura’ em todo o Novo Testamento, pode compulsar página por página e, não verificará uma orientação apostólica sequer para o crente hodierno almejar, tampouco buscar o batismo no Espírito Santo. Por uma questão óbvia: O batismo no Espírito é obra unilateral da parte divina; não depende de colaboração e/ou participação humana, portanto.
Ademais, o apóstolo Paulo diz que todos os crentes em Jesus foram imersos no Espírito Santo (1 Coríntios 12.13). Indica que todos, sem exceção foram batizados no Espírito e que foi uma ação passada. Destarte, não existe essa história de que uns são batizados no Espírito e outros não.
Poderia ter finalizado, porém, adianto-me a alguns leitores que poderão evocar os textos de Atos 2.1-13, 8.5-25; 10 e 11.1-18; 19.1-7. Note bem, que os trechos mostram situações específicas, envolvendo judeus convertidos ainda na antiga aliança, samaritanos, gentios e prosélitos. Tanto o fato ocorrido no Pentecostes quanto aos três desdobramentos devidamente registados são compreensíveis dentro do próprio contexto escriturístico. Chamo a atenção que em nenhum dos textos aludidos as pessoas envolvidas buscaram o batismo no Espírito Santo e, nem foram incentivadas pelos apóstolos para tal coisa. Nos quatros casos todos foram batizados no Espírito sem adotar expediente humano algum. Repito que foi obra unilateral da parte de Deus. Até nesses trechos supracitados inexiste a ideia de se buscar o batismo espiritual. Não é para menos, pois o batismo no Espírito é uma obra inicial na vida cristã; todos são imersos no Espírito sendo incorporados no Corpo de Cristo – a igreja.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Poder do alto/revestimento de poder


Estava trabalhando. Uma amiga, membro doutra denominação, fez-me pergunta acerca do revestimento de poder. Não me recordo o que lhe disse, porém, ela acrescentou: Você já leu o livro de Atos dos Apóstolos? Ora, em sua ingenuidade pensava que eu desconhecia a obra, visto que, não propagava o chamado ‘batismo com o Espírito Santo’. A amizade continuou numa boa, sem crise, naquela ocasião já estava ‘calejado’.
De fato está registrado em Atos 1.8 que os discípulos receberiam o poder do alto, para tanto precisariam permanecer em Jerusalém (Cf. Lucas 24.49). Eles assim fizeram. E, no dia de Pentecostes foram tanto batizados no Espírito quanto cheios do cheios do Espírito Santo. Embora sejam coisas distintas, aconteceu simultaneamente. Julgo necessário deixar claro que uma coisa é o batismo no Espírito, outra é a plenitude do Espírito. O batismo espiritual ocorre uma única vez; já a plenitude ou o enchimento do Espírito pode ser repetido.
O texto de Atos 2.4 assevera que os discípulos ‘foram cheios do Espírito Santo’. Sendo que Jesus havia dito anteriormente que também seriam batizados no Espírito (Atos 1.5,8).  Não podemos confundir achando que batismo no Espírito é o mesmo que ser cheio do Espírito, pois os apóstolos foram cheios do Espírito outra vez (Cf. Atos 4.31). Ademais, o próprio apóstolo Paulo diz para enchermos do Espírito (Efésios 5.18). Neste caso há imperativo, não é algo opcional. Guarde isso em mente e coração.
Os discípulos eram judeus convertidos, porém, até então estavam na antiga aliança. O Espírito Santo ainda não tinha sido dado para habitar de uma vez para sempre, e, sobretudo substituir a presença física de Jesus (João 14.16). Era necessário que Jesus ascendesse aos céus para o Espírito Santo ser dado após a glorificação (João 7.39). Então, no dia de Pentecostes o Espírito foi derramado em cumprimento profético (Cf. Joel 2. 28,29). Aconteceu a ‘democratização do Espírito’, visto que, no Antigo Testamento o Espírito habitava somente em classe especiais de pessoas. No entanto, naquele dia todos os 120 discípulos foram imersos no Espírito e ao mesmo tempo cheios do mesmo Espírito. Algo digno de nota, apesar de acatarem a ordem de Jesus em permanecer na cidade, eles não buscou o revestimento de poder. Isto porque a obra realizada neles foi unilateral. Não contou com a participação e/ou colaboração humana.
Esse período de transição precisa ser considerado. Eles estavam na antiga aliança! E, houve então a inauguração da nova aliança. Essa situação histórica quando ignorada causa danos à obra de Deus, cria castas espirituais: uns são tidos como batizados no Espírito, outros não. Alguns são crentes ‘especiais’, de primeira categoria; enquanto outros são tidos como crentes de segunda categoria. Ainda que os líderes religiosos hodiernos não confessem é assim que acontece. Conheço muitos crentes frustrados, tristes, e sem poder ocupar posição de liderança (mesmo tendo vida moral ilibada) porque não emitiu algumas palavras ininteligíveis, já que estas são evidências do chamado batismo com o Espírito Santo.
Após o derramamento do Espírito Pedro pregou um sermão para uma multidão. Como já estava na nova aliança o apóstolo Pedro disse o seguinte: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2.38-40). Note bem que não precisaram buscar o batismo espiritual. E, observa-se que o batismo no Espírito é equivalente ao dom do Espírito Santo!
Quase três mil pessoas foram batizadas [em águas] demonstrando aceitação ao senhorio de Cristo mediante arrependimento e fé (Atos 2.41). Vale a pena o leitor conferir os versos seguintes (42-47).
O padrão para nós hoje em dia não é o Pentecostes. Aqueles homens e mulheres eram judeus, salvos, dentro de situação histórica específica. Não precisamos esperar sequer buscar o batismo espiritual, tampouco ir a Jerusalém e aguardar o Espírito Santo da promessa. Este já veio! Os efeitos daquele dia de Pentecostes é uma realidade em nossa vida. Se de fato confessamos a Jesus como Senhor e Salvador tornamos habitação do Espírito Santo. Já recebemos o dom do Espírito que consiste no próprio Espírito que nos foi dado!  Isto se dá no começo da nossa vida cristã, visto que, vigora a nova aliança. Sugiro a leitura de Efésios 1.13-14 para ampliar a conhecimento e conhecimento da temática (Queira ler, por favor).
No entanto, já que nós cristãos somos batizados no Espírito no ato de conversão (Cf. I Coríntios 12.13). Devemos sim, buscar a plenitude do Espírito! Afinal essa é a orientação paulina. Detalhe: inexiste orientação apostólica para a busca do batismo no Espírito; não tem um versículo sequer. Qual a razão disto: Porque o batismo espiritual é ação inicial. O vocábulo ‘batizar’ indica a primeira experiência.
Antes de terminar saliento que nos textos bíblicos que não foram tratados aqui, que são explorados por grupos diversos, tais como Atos 10 e 19. Não prova que se deve buscar o batismo no Espírito. Ao contrário, mostra justamente o que fora afirmado anteriormente que a obra é unilateral. Não teve participação humana. Nenhum expediente utilizado na contemporaneidade a fim de obter o batismo espiritual consta nos registros bíblicos. Além do que todos recebem o dom do Espírito.
O Espírito que habita em nós concede poder espiritual para o serviço cristão, jamais para envaidecimento e exibicionismo. Pense nisto. Deus lhe abençoe ricamente.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Ilustração no Sermão


Nessa tarde almejo auxiliar o pregador seja leigo ou não. Verso sobre a ilustração na exposição bíblica. Jerry Stanley Key, por mais de 35 anos lecionou homilética no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, menciona a finalidade do material ilustrativo em um de seus livros:

a)Despertar o interesse e prender a atenção dos ouvintes.
b)Ajudar a esclarecer, explicar as verdades apresentadas.
c)Confirmar, fortalecer os argumentos apresentados e persuadir os ouvintes a aceitar as verdades.
d)Ajudar os ouvintes a gravar bem as ideias do sermão.
e)Tocar nos sentimentos dos ouvintes (não se refere ao abuso do emocionalismo em hipótese alguma).
f)Dar mais vida ao sermão.
g)Tornar mais atraente o sermão.
h)Tornar o sermão mais agradável proporcionando descanso mental aos ouvintes.
i)Ajudar na repetição da verdade.
j)Tornar o sermão mais acessível aos ouvintes.

Acho que os itens acima nos assessora no que tange a ilustração na pregação. Particularmente faço pouquíssimo uso de ilustração. Utilizo-a [somente] quando necessito tornar claro o que está sendo dito visando entendimento do teor escriturístico! Isto porque não passo por cima do texto e, sim explico tim tim por tim tim. Quem acompanha as minhas pregações e estudos sabem muito bem disto. O fato de eu esclarecer a passagem em questão já propicia compreensão aos ouvintes. Daí, eu fazer pouco uso desse recurso.
Agora, quando ouço ilustração apropriada, bem aplicada, por outros pregadores fico feliz. O inverso causa profundo entristecimento. Por isso, ao introduzir a ilustração no seu sermão tenha em mente o propósito para não usá-la de maneira descabida.  

Dica de leitura: O Preparo e a Pregação do Sermão – O auxílio eficaz para o pregador da Palavra – Jerry Stanley Key – JUERP. (Atualmente publicado pela editora Convicção).

* Os itens supracitados foram extraídos das páginas 258-261 da referida obra.

Outra obra do autor é José da Silva, o pregador leigo. (Publicado em Parceira da Junta de Missões Nacionais e Editora Convicção).

sábado, 8 de junho de 2019

Línguas é evidência do batismo no Espírito?

Uma pergunta deve ser respondida com seriedade e honestidade intelectual: Línguas é evidência física inicial do batismo no Espírito Santo? Busquemos, então, na própria Bíblia a resposta.
Existem apenas três registros do fenômeno de línguas no livro de Atos dos Apóstolos. Um detalhe importantíssimo é o cronológico. A partir do Pentecostes o segundo fenômeno verificou-se mais ou menos sete ou oito anos depois. E, o terceiro caso de línguas deu-se cerca de vinte anos após o evento pentecostal. Ou seja, os fenômenos descritos por Lucas  compreendem um período de duas décadas no mínimo!
O primeiro caso encontra-se em Atos 2.1-13. No dia de Pentecostes ocorreu o derramamento do Espírito em cumprimento da profecia de Joel. Note bem, distinto leitor, que houve fenômenos visíveis e audíveis.
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2.2-4) – grifo do autor.
O texto é cristalino. Os discípulos foram capacitados pelo Espírito Santo a falarem em idiomas humanos. É improcedente a ideia de que foi falado ‘línguas estranhas’. Estas são ininteligíveis. Já as faladas no dia de Pentecostes foram inteligíveis. A favor desse argumento constata-se que as línguas foram identificadas e compreendidas (Vs. 6, 8 e 11).
É digno de nota que os discípulos foram tanto batizados no Espírito quanto cheios do Espírito simultaneamente (Cf. At 1.5,8; 2.4). O batismo espiritual acontece uma única vez; já a plenitude do Espírito pode ser repetida. São coisas distintas. Guarde isso em mente.
Geralmente salienta-se que as pessoas após se converterem precisam buscar o batismo espiritual com a evidência de ‘línguas estranhas’. O que causa estranhamento é que naquele dia, de Pentecostes, não se falaram línguas incompreensíveis, ao contrário, foram línguas inteligíveis. Observa-se, portanto, que não pode associar o fenômeno genuinamente pentecostal com o hodierno. Se línguas fossem sinal do batismo no Espírito teria que ser línguas estrangeiras.
Ademais, carece de embasamento a ideia de que uns são batizados no Espírito e, outros não. Segundo o apóstolo Paulo todos são imersos no Espírito Santo (1 Co 12.13). No texto de Atos supracitado fica claro que todos foram batizados no Espírito.
Após alistar as nacionalidades presentes no dia de Pentecostes, segue-se: “todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (Atos 2.11). De alguma forma as línguas simbolizavam a universalidade do evangelho. Isto não pode ser ignorado.
O segundo caso de línguas é registrado em Cesaréia. Atentemos: “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus” (At 10.44-46). Chama-nos a atenção de que Pedro associou esse caso ao ocorrido cerca de sete ou oito anos atrás, no Pentecostes (Cf. At 11.15,16). Estas línguas faladas por Cornélio e os de sua casa eram também línguas estrangeiras. Eram inteligíveis e, consequentemente magnificavam a Deus. As línguas nesse evento explicam-se pela situação histórica. Os gentios não eram bem quistos. O próprio apóstolo Pedro apresentou resistência em entrar no lar de um gentio, pois este era considerado impuro. Todavia, Pedro compreendeu que Deus não faz acepção de pessoas. Os gentios estavam incluídos no corpo de Cristo, a igreja. A recepção do dom do Espírito, isto é, o próprio Espírito Santo e a evidência das línguas estrangeiras dirimiram qualquer dúvida no que tange a inclusão dos gentios.
É significativo que todos os membros da família de Cornélio receberam o Espírito Santo. Nenhum deles deixou de ser receptáculo do Espírito Santo. Parece-me que os casos de línguas atuais não estão de acordo com esse evento específico.  
O terceiro e último caso de línguas está em Atos 19.1-7. Em termo de cronologia nesse evento calcula-se vinte anos a vinte e cinco após o Pentecostes. Doze homens deslocados no tempo sequer tinham ouvido falar do Espírito Santo. É curioso que Paulo desconfiou de algo ao perguntar quando tinham recebido o Espírito. Eles foram batizados em água. Paulo então impôs as mãos, e veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam em línguas, e profetizavam. Em relação às línguas Lucas não diz que eram diferentes dos registros anteriores. É interessante que Lucas menciona as línguas [estrangeiras] associadas com profecia. Ao menos o verso diz que ‘profetizavam’.  E, nós sabemos que se dá através da inteligibilidade.
São apenas três casos de línguas em Atos. Está patente que nos dois primeiros casos foram na forma de idiomas humanos. E, não tem nada em contrário no que tange ao último. Caso queiram estabelecer um padrão encontrarão dificuldade hercúlea ao atrelar ‘línguas estranhas’ nos moldes atuais. Realmente não tem nada a ver com o fenômeno de línguas em Atos dos apóstolos. Outra coisa que fica clara que as pessoas e/ou grupos que falaram em línguas jamais buscaram línguas tampouco o batismo no Espírito Santo. A procura hodierna não se respalda nos textos analisados. Ficou nítido que a experiência com o Espírito Santo foi em todos, não em alguns poucos.

Atos 2 (Parte I)

  Tenho em mente o capítulo 2 de Atos dos Apóstolos. Este é bastante difundido e, vejo que é também mal compreendido por muitos. O evento no dia de Pentecostes não visa estabelecer padrão para os cristãos contemporâneos. Isto porque os discípulos, judeus, faziam parte de um período de transição. Ademais, é um evento histórico, portanto, irrepetível. Foi cumprimento da profecia de Joel 2. Este fato não pode ser jamais ignorado.
  No dia de Pentecostes houve a ‘democratização’ do Espírito Santo. Este veio sobre toda carne! Algo bem diferente em relação ao período do Antigo Testamento, incluso o de transição referido acima. Teve fenômenos audíveis e visíveis. Todavia, o feito maior foi à vinda de uma vez por todas, para sempre, do Espírito Santo nos discípulos de Jesus.
  Após a pregação no dia de Pentecostes, as pessoas perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: “Que faremos varões irmãos?” (At 2.37). Diante disto: “Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar” (At 2.38,39). Os judeus arrependidos naquele dia receberam o Espírito Santo nos moldes da nova aliança já em vigor, que sem dúvida foi a primeira experiência com o Espírito ao invés de uma segunda benção. Alguns estudiosos entendem que o padrão estabelecido está nesses quase três mil convertidos.
  Dito isso, é interessante atentar para algumas coisas. Alguns na contemporaneidade evocam o trecho de Atos 2 para estabelecer uma doutrina denominada de ‘segunda benção’. Sendo que carece de respaldo escriturístico. Os discípulos de Jesus eram salvos antes do Pentecostes, porém, deve ser reconhecida essa condição transitória. O Espírito Santo viria de uma vez para a sempre após a glorificação de Jesus, que compreende a ressurreição e ascensão. Além do mais, o expediente adotado na atualidade para receber o ‘batismo com o Espírito Santo’ inexiste não apenas nesse capítulo, mas em todo o Novo Testamento. Por uma razão óbvia: o batismo espiritual é ação unilateral da parte divina; não depende da participação e/ou colaboração humana.
  Diante do exposto, que fique bem claro que os discípulos até o Pentecostes estavam nos moldes da antiga aliança (At 2.1-13). Tomar a experiência deles como modelo é temerária. Parece-me que os quase três mil convertidos após a pregação de Pedro pode ser uma regra, visto que, já estavam na nova aliança assim como nos encontramos. Agora, caso não aceite essa posição será obrigado a estabelecer um modelo, nesse caso não terá como fugir, como gentio que é deverá respaldar-se no evento ocorrido na casa de Cornélio (Atos 10). Fica patente ali que o batismo espiritual aconteceu na conversão, não subsequentemente.

PS: Na próxima postagem mostrarei as diferenças gritantes do evento genuinamente pentecostal, de acordo com Atos 2.1-13, com o que se pretende na atualidade. Visa-se somente a busca da verdade escriturística, nada mais do que isso. Por esse motivo é de bom alvitre o leitor ter um exemplar bíblico em mãos para ir acompanhando.  

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Corpo, alma e espírito? O homem é tricotômico, portanto?

Vou tratar de tricotomia nessa módica postagem. Adianto-me que não sou adepto desta corrente teológica, porém, como sou formado em teologia e, verdadeiramente apaixonado pela Escritura essa temática é empolgante, ao menos pra mim.  
A tricotomia, em suma, ensina que o ser humano é composto de três elementos distintos: corpo, alma e espírito. Vale ressaltar que o homem é triunidade composta e inseparável. Nesse caso, somente a morte física é capaz de separar o elemento material do imaterial. O corpo é a matéria. A alma é a parte de onde decorrem as expressões, sentimentos e vontades. E, por fim, o espírito é o elemento de comunicação entre Deus e o homem.
Certo interlocutor disse, numa ocasião, que ele enxerga a tricotomia de ‘Gênesis a Apocalipse’. Parece-me forçoso demais, visto que, o Antigo Testamento não dá margem pra isso. Não pode desconsiderar-se que a revelação divina é progressiva. E, sinceramente, nada aponta para o homem como tricotômico.
É importante salientar que a visão tricotômica originou-se na filosofia grega, particularmente em Platão. É provável que a concepção determinasse o modo de pensar de muitos e, inclusive no que tange a interpretação da doutrina.
Segue os termos em hebraico e grego, respectivamente, dos elementos da constituição humana: Corpo - basar e soma; Alma - nephesh e psiquê; Espírito - ruach e pneuma.  
O versículo a seguir é citado como prova cabal de que o homem tem três elementos distintos. Será mesmo? Leia com atenção: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.23). O leitor atento observou que Paulo trata a respeito de santificação, deseja que o homem seja completamente santificado, para o retorno de Cristo. O apóstolo não está criando uma doutrina sequer fundamentando numa constituição tricotômica, enfatiza a totalidade do homem!
Outro verso evocado em defesa da tricotomia diz: “Porquanto a Palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes; capaz de penetrar até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é sensível para perceber os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4.12). Nele Paulo fala acerca do poder penetrante da Palavra de Deus! Cito Calvino para clareamento: “Significa que ela examina toda a alma de uma pessoa. Ela explora seus pensamentos e sonda sua vontade e todos os seus desejos. O mesmo significado se acha implícito na frase “juntas e medulas”. Significa que não há nada tão difícil ou sólido numa pessoa, nada tão profundamente oculto, que a eficácia da Palavra não penetre até lá”. Não se trata da divisão de dois elementos distintos (alma/espírito).
Geralmente as pessoas citam em abono os versículos supracitados como prova da tricotomia, porém, a citação dos autores sacros visava propósitos específicos, conforme já se ventilou. Não estão nesses uma doutrina onde ensina que o homem é composto de três elementos. Por isso, o ensino geral das Escrituras sobre o assunto se faz necessário; na verdade imperioso.

Em prol da nossa querida língua materna

Tem assunto que é tênue. O que vou tratar aqui é um deles. Começo com certo pesar. Infelizmente a nossa língua portuguesa não é valorizada. É dada pouca importância pra ela, pasme, pelos próprios patrícios! Os brasileiros a maltratam enormemente e, não se dão conta de como isso é danoso para uma nação. Falar bem e corretamente seria um dever cívico de todos em solo pátrio; o desmazelo é desatino.
Existe pesquisa no Brasil acerca de analfabetos funcionais. Estes são pessoas que fazem leitura, porém, não sabem ler. Leem os textos, por exemplo, mas não conseguem entendê-los. Não conseguem interpretá-los adequadamente! Até entre os que fizeram ensino superior o índice de analfabetismo funcional é alarmante.
Faço parte de um segmento religioso denominado evangélico. A despeito de preconceito ou discriminação em relação a este, sabe-se perfeitamente que o analfabetismo funcional grassa também nesse arraial. Lamentavelmente a língua portuguesa sofre terrivelmente, é atropelada corriqueiramente. Por isso, a má compreensão escriturística não me assusta mais, ao contrário é até amparada pelo déficit linguístico. Não estou afirmando que escrever e/ou falar errado é pecado. Não assevero isso. Sendo que, às vezes, parece que tem que pedir licença para falar/escrever corretamente afim de não deixar outros constrangidos. Chegou-se a um ponto, isso acontecem nos demais segmentos da sociedade, que falar/escrever errado é absorvido numa boa como se fosse ‘normal’, embora seja comum, frequente. Enquanto, falar/escrever acertadamente é visto como pura ostentação.
Faço uma pausa. Tive o privilégio de imergir uns no universo das letras. Alfabetizei adultos, dei aulas de reforço tanto para maior de idade quanto para adolescentes. Fui inclusive ‘amigo da escola’! Apoio esse quesito educacional e, não deixo de fora em hipótese alguma a nossa língua materna. Acho que cada cidadão devia fazer a sua parte no que tange a língua nativa. Isto com responsabilidade e patriotismo também.
Toco nessa temática porque no meio evangélico a Bíblia é mal compreendida por muitos, distorcida por outros e, isso em grande parte por causa da deficiência linguística. É inegável que parcela considerável no segmento não a lê adequadamente devido a questão apontada. Então, cabe a cada líder religioso expressar da melhor maneira possível em respeito à própria congregação, sobretudo, amor à língua portuguesa. Dessa maneira o exemplo viria de cima, isto é, do púlpito. E, penso que muita gente ia ter o conhecimento ampliado, o vocabulário aumentado e melhorado. E, quem sabe sentindo-se incentivado e motivado, de fato, a se esmerar em nossa língua vernácula.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Missiologia, o que é isso?

Várias são as definições de missiologia. Uma delas é que missiologia é “a ciência ou estudo de missões”. Já Orlando Costa acerca de missiologia diz que é “a crítica sobre a práxis da missão que interpreta e questiona o passado e o agora da fé, buscando e se projetando para o futuro a fim de corrigir, fortalecer, suster ou totalmente mudar o desempenho missionário da igreja”. Ainda outra definição sugestiva é da parte de Verkuyl: “é o estudo das atividades salvíficas do Pai, Filho e Espírito Santo através do mundo, orientadas para trazer o reino de Deus à existência”.

A missiologia é uma ciência interdisciplinar. Abrangem disciplinas bíblicas, teológicas e históricas, a ética, a hermenêutica, a ciência da religião e ainda disciplinas seculares como a antropologia, a sociologia, a estatística e a comunicação. A missiologia emprega cada uma destas, a fim de refletir sobre a identidade e tarefas missionárias da igreja em dado momento histórico e cultural.

A missiologia ajuda a igreja e o missionário a levar em conta o seu contexto missionário, de tal modo que o evangelho seja transmitido mais claramente em relação a audiência e mais fielmente em relação a Deus.

Nota: Texto deste autor publicado no então blog Missiologia Brasileira. Este, depois de alguns anos foi desativado. 

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Aprenda a ler a Bíblia de maneira adequada

Há pessoas que fazem citação de versículo, quer consciente ou não, de maneira tendenciosa. Não estão interessadas naquilo que o texto e contexto diz, porém, querem a todo custo mostrar que aquilo que está sendo dito é procedente. Nesse caso tanto faz se é verso isolado, pouco importa, pois a utilização de trecho fragmentado da Bíblia é mais para a própria conveniência. 
Não estou sendo radical, muito menos estou generalizando. Sou um leitor mediano que atenta para o modo de leitura alheia, diga-se de passagem, aplicada de forma inadequada. Não posso fechar os meus olhos diante dessa postura, infelizmente, corriqueira.
Por isso, que sempre alertei leitores da Bíblia sobre essa atitude perniciosa. Parece-me que nunca fui ouvido, apesar deles terem me escutado sem tecer nenhuma consideração. Não obstante, não dou por satisfeito, insisto que a Bíblia precisa ser lida de maneira correta, incluindo atenção especial para a questão gramatical tão ignorada em nosso tempo, e adoção de método de interpretação coerente com a estrutura da Bíblia. Sobre esse assunto comentarei adiante nesse blog. 
Uma coisa necessita ficar clara em nossa mente e coração, se não fizermos a leitura de forma certa não teremos entendimento correto das Escrituras. O Espírito Santo ilumina a mente do cristão sim, mas não exime-o de sua responsabilidade de lidar adequadamente com a sua própria língua materna. Além do mais, o mesmo Espírito utiliza homem e mulher dotado do dom de ensinar visando o aperfeiçoamento do crente em Jesus. Então, se deseja realmente entender a Bíblia torne-se um seguidor desse singelo blog, e caminhemos juntos, com o intuito de aprender cada vez mais e mais da Palavra de Deus. Que para tanto Deus nos abençoe. 

terça-feira, 4 de junho de 2019

Quer aprender a Bíblia?

Quando tinha dezenove anos de idade fazia parte de um grupo interdenominacional de evangelismo. Apesar de todos terem o mesmo objetivo, anunciar o evangelho de Jesus, ainda assim nos bastidores havia uns debates bíblicos. A maioria era de cunho pentecostal e, eu fazia parte da minoria denominada tradicional. Vale lembrar que todos eram próximos, estávamos no mesmo barco, porém, vez ou outra surgia o assunto acerca do batismo no Espírito Santo, etc e tal. Foi nesse período que desejei do fundo da minha alma aprender a língua grega a fim de verificar o que realmente constava nos originais.
Anos depois adentrei no seminário teológico onde tive noção do grego koinê. Sendo que somente alguns anos da conclusão do curso, já no ministério pastoral, que me dediquei de corpo e alma a língua. Não passo um dia sequer sem compulsar o Novo Testamento em grego muito menos dispenso o léxico. Entretanto, uso o mesmo procedimento em relação ao hebraico bíblico. A aquisição do Antigo Testamento em hebraico, por exemplo, foi uma das minhas maiores realizações!
Quando leio, medito e estudo é a partir das línguas originais. E, isto pra mim não tem preço! É algo sublime. O blog ‘Entendes o que lês’ visa tornar compreensível o teor escriturístico. Volta-se para o membro de igreja, gente de carne e osso, que deseja verdadeiramente conhecer a Palavra de Deus de maneira, digamos, mais profunda. Essa profundidade almejada levará a proclamar a Bíblia de maneira simples e ao mesmo tempo responsável. Isso exige entre outras coisas, oração, tempo, esforço e dedicação.
Se você também anela aprender a Bíblia coloco-me a sua disposição, sem nenhum custo financeiro, só pelo prazer de ensinar. Pra isso é necessário de sua parte mais do que vontade, é preciso tomar decisão.
Sou pastor batista há 11 anos. Seis anos dedicados ao campo missionário na área de plantação de igrejas. Lecionei algumas disciplinas num seminário teológico confessional. Tenho formação tanto teológica quanto missiológica. Penso que posso ser útil a algum irmão ou irmã em Cristo. Não usarei plataforma de ensino, mas através das redes sociais e, principalmente e-mail, eu acho que poderei dirimir dúvida, oferecer auxílio para ler e entender melhor a Bíblia, inclusive em relação às línguas originais, dar sugestões, apontar caminhos a ser percorrido, etc.

E-mail: pr.gustavoluiz@yahoo.com.br


Twitter: twitter.com/prgustavoluiz1

MeWe: mewe.com/i/gustavoluiz2

Blog: apalavradedeusexplicada.blogspot.com

Línguas dos anjos e/ou línguas estranhas em Marcos 16.17?

A respeito de Marcos 16.17, especificamente a expressão ‘falarão novas línguas’, já ouvi opiniões divergentes com o trecho sacro em questão. Isto, eu deduzo, por causa de ideias pré-concebida. Inúmeras pessoas adentram o texto de modo ‘viciado’ devido à concepção que tem em mente recebida pelas informações e/ou experiências contemporâneas.
Anos atrás assisti um vídeo dum renomado pregador que dizia que todas as pessoas deveriam falar nas línguas dos anjos. Para tanto se pautou no trecho supracitado. Outra pessoa que prega em várias igrejas de denominações diferentes mencionou que as pessoas precisam falar em ‘línguas estranhas’ e, para corroborar com sua asseveração citou o mesmo versículo.
Afinal de contas, as afirmações acimas, querem na forma de ‘línguas angélicas’ ou ‘estranhas’ encontra-se respaldo no versículo encontrado em Marcos? Se tiver, os crentes em Jesus na contemporaneidade deverão se ater e, não ignorar a referida expressão ‘falarão novas línguas’.
Não podemos incorrer em erro crasso não atentando para o contexto. Sem esse pano de fundo poderemos tirar conclusão infundada. Por isso, devemos ler o parágrafo que compreende os versículos 14-20. Pois bem, Jesus tinha aparecido aos onze apóstolos após sua morte e ressurreição. Vale salientar que Cristo fala numa conjuntura da grande comissão (15,16). Guarde isso em mente, jamais deve ser esquecido. Nos versos seguintes (17,18) Jesus cita um bloco de sinais. Até hoje não entendo porque o foco é apenas num sinal, e não no conjunto de sinais. Talvez isso ocorra devido a uma leitura tendenciosa.
Parece-me que os sinais não seriam feitos à medida que as pessoas fossem salvas, portanto, cressem no evangelho. Analisando o trecho na sua inteireza, provavelmente, os sinais descritos feitos pelos apóstolos seguiriam a mensagem que pregavam, corroborando a palavra de seu testemunho. Como dito anteriormente Jesus apareceu aos onze apóstolos; o próprio Senhor ordenou-lhes que fossem por todo o mundo a fim de anunciar o evangelho. E, o versículo 20 sugere isso, pois registra: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram”.
A despeito da interpretação correta. Embora pense sinceramente que a apresentada está em harmonia com o contexto quero mostrar sucintamente o exame sobre a expressão ‘falarão novas línguas’ que é justamente o objetivo dessa postagem:

Em relação ao fenômeno bíblico de línguas a primeira menção encontra-se registrado em Marcos 16.17. O autor Marcos usa o vocábulo ‘kainais’ para ‘novas’. O emprego do termo 'kainós' e não o sinônimo 'néos' é esclarecedor neste assunto. Kainós se refere ao novo primariamente em referência à qualidade, ao novo não usado, enquanto néos se refere ao recente.
Se o falar línguas tivesse envolvido línguas desconhecidas, nunca antes faladas, então Cristo teria usado néos (novo em referência ao tempo). Mas, visto que ele empregou kainós, tem que se referir a línguas estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém, que já existiam antes.
As novas línguas de Marcos 16.17 são as mesmas encontradas em Atos 2.4, com a denominação de 'outras línguas'. O pronome empregado para outras é ‘heterais’, isto é, diferentes das que eles estavam acostumados a falar.

Compreende-se, portanto, que está excluída no próprio versículo evocado por muitos que não se refere a língua dos anjos tampouco as chamadas línguas estranhas como nos moldes atuais. Fiquemos com aquilo que a Palavra de Deus registra. Sola Scriptura!

Salmo 1

Sabe-se que a língua portuguesa é complexa. Enquanto isso outras línguas são mais simples. A língua grega, por exemplo, é bem mais rica. 
Inseri essa informação apenas para provocar o distinto leitor da Bíblia a ter em mente o conceito das línguas originais mesmo tendo boas traduções e versões em língua vernácula.
Penso que a noção da língua hebraica e grega nos ajudará muito na compreensão das Escrituras. Começo então uma ‘série’ de pequenos comentários a respeito de vocábulos nas línguas originais. Espero que por mais simplório que seja aos olhos de uns; ao menos auxilie um número maior de pessoas.  
O Salmo 1 começa com ‘bem-aventurado’. Este termo em nossa língua portuguesa significa mais do que feliz. É o sentido mais propalado. Sendo que está aquém do sentido original. A palavra em hebraico é ‘ashrei’, dá a ideia de ‘em marcha’. Então, bem aventurado não indica um estado fixo, mas sim que conduz (ou é conduzido) à felicidade! A felicidade última é Adonai, o Senhor, por isso sugere que o bem aventurado marcha e/ou caminha em direção ao Eterno.

domingo, 2 de junho de 2019

Elias não subiu numa carruagem de fogo! - Ratificação

Volto ao assunto da ‘carruagem de fogo’ frequentemente citada no arraial religioso. Dizem que o profeta Elias foi levado ao céu nela. Contudo, verificou-se na postagem anterior que na verdade o profeta foi transladado num redemoinho. O caso serve de alerta para a leitura que é feita no que tange a Palavra de Deus. Muitas vezes faz-se leitura de maneira descuidada e apressada. Por isso, insisto que a leitura deve ser feita com calma e atenção. Precisam-se observar as questões gramaticais, e, sobretudo o texto e contexto.

Certa ocasião ao discorrer sobre esse episódio uma senhora cristã, piedosa, disse que não devia me deter nisso, pois tanto faz uma coisa quanto outra. Ora, como assim? Existe diferença abissal entre ter Elias subido numa carruagem de fogo e num redemoinho! Sendo o redemoinho a forma como foi elevado ao céu (2 Reis 2.1,11). Pode parecer algo sem importância pra uns, porém, os pequenos detalhes no texto sacro fazem enorme diferença.

Eu como pregador da Palavra limito-me a dizer somente o que ela afirma. Quando a Bíblia fala algo eu propalo. Quando a Bíblia se silencia, eu me calo. Não posso nem devo ir além do que ela afirma. E, tampouco devo divulgar distração por causa da falta de compreensão de minha parte devido à desatenção no que tange ao texto bíblico.

sábado, 1 de junho de 2019

Elias subiu numa carruagem de fogo?

Elias não passou pela morte.
Viveu tão intensamente com Deus que...
Num determinado dia o Eterno para si o levou.
Comumente fala-se que Elias foi levado numa carruagem de fogo. Será mesmo?
O texto bíblico que menciona o ‘translado’ de Elias é 2 Reis 2.1-11. De fato no versículo 11 consta a tal ‘carruagem de fogo, com cavalos de fogo’. Sendo que serviu apenas para separar um do outro. A separação em questão é de Elias e Eliseu.
Entretanto, a Bíblia é cristalina. Duas vezes, nos versículos 1 e 11, diz-se que Elias foi elevado num redemoinho. Ora, redemoinho é distinto de carruagem de fogo, não acha?
Quando o Senhor estava para tomar Elias ao céu num redemoinho, Elias partiu de Gilgal com Eliseu” (2 Reis 2.1).
E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2 Reis 2.11).
Pode ser uma coisa simplória. Todavia, é importante frisar o que realmente a Bíblia diz.
Sola Scriptura!

Você sabe o que é variedade de línguas?

   O apóstolo Paulo em 1ª Coríntios 12.10 menciona ‘variedade de línguas’. Este dom espiritual não é concedido a todos os crentes, mas àqueles que são outorgados deve ser exercido visando o proveito comum. Isto porque todo legítimo carisma proveniente do Espírito tem o objetivo de edificar a igreja.

   Dito isso, passo a analisar sucintamente a expressão que consta no original grego: ετέρω γένη γλωσσών. O primeiro vocábulo é ‘hetero’. Heteros significa diferente. Em Atos 2.4, o pronome empregado para ‘noutras’ [línguas] é ‘heterais’, isto é, diferentes das que eles estavam acostumados a falar. A segunda palavra é importantíssima para a compreensão do dom espiritual descrito por Paulo como ‘variedade de línguas’. ‘Genē’ (plural) – genos está associado sempre a parentes, prole, família, raça, tribo, nação. Pode significar a nacionalidade ou descendência de uma pessoa em particular. O último termo é ‘glosson’ (substantivo genitivo feminino plural). Glossa – significa língua como membro do corpo, órgão da fala; língua, idioma ou dialeto usado por um grupo particular de pessoas, diferentes dos usados por outras nações.

   Diante do exposto posso numa tradução livre definir ‘variedade de línguas’ como a capacidade de falar em várias e/ou diferentes línguas étnicas. Pelo menos é isto que o verso aludido diz, e desta maneira creio.