“E, havendo dito isto,
assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20.22).
Este versículo é evocado por
alguns irmãos em Cristo para mostrar que os apóstolos receberam o Espírito
Santo após a ressurreição de Jesus, conseguinte foram batizados no Espírito
Santo no Pentecostes. Desta maneira denominam a experiência pentecostal como ‘segunda
benção’.
De fato os apóstolos estavam
limpos pela palavra transmitida por Jesus (João 15.3). Além disto, os seus
nomes estavam escritos nos céus (Lucas 10.20). Acertadamente eram salvos. Não
tenho dúvida disto. Sendo que é complicado entender que naquele momento, ao
Jesus soprar sobre eles, recebeu o Espírito.
O próprio João tinha dito que o
Espírito Santo só seria outorgado quando Jesus ascendesse aos céus (João 7.39).
Ainda neste evangelho mostra que o apóstolo Tomé não se encontrava no recinto
(João 20.24). Logo, se houve o recebimento do Espírito significa que este
apóstolo não o recebeu!
Além do mais, Jesus disse aos
próprios discípulos que receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito Santo
(Atos 1.8). Note bem, a virtude seria concedida ao receber o Espírito! Portanto,
indica que eles não tinham ainda recebido o Espírito Santo (Cf. João 7.39 -
Atos 2.16-18,33).
O Espírito Santo realmente atuava
nos apóstolos nos moldes da velha aliança (Isto precisa ser salientado em face
de muitos não fazerem a devida distinção. Foge do escopo a atuação do Espírito
no período do Antigo Testamento, porém, será de bom alvitre o ledor se inteirar
sobre a temática). Contudo, na nova aliança o Espírito só viria após a
glorificação de Jesus.
Acho melhor entender que ao
soprar sobre os discípulos Jesus estava enfatizando o ato de eles receberem o
Espírito como num ato profético - bastante conhecido pelo povo oriental. Era, portanto,
um alerta, uma exortação para que recebessem de vez o Espírito, quando ele
fosse dado. Talvez houvesse da parte de Cristo também o reconhecimento do aspecto
formal do grupo apostólico ao ter soprado sobre eles.
Todavia, não fica dúvida de que a
iniciação das bênçãos da nova aliança, instituída pelo sangue de Cristo deu-se
aos apóstolos quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes (Atos
2.4,16-18,33). Por isso, acho inadequado chamar de ‘segunda benção’ quando na
verdade foi a primeira benção nos moldes da nova aliança.
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