segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Colocando os pingos nos is ( Acerca do dom de línguas e afins)

A Bíblia esclarece que a outorga do dom espiritual ao crente é de competência do Espírito Santo. Também está claro que o dom é dado para a edificação da igreja. Isto porque objetiva-se proveito comum.

Tratando-se especificamente de variedade de línguas, conseguinte interpretação de línguas, não é concedido a todo crente. Destarte, jamais poderia ser o sinal do batismo no Espírito Santo.

Segundo o apóstolo Paulo todo crente é imerso no Espírito no começo da vida cristã, ocasião em que é incorporado no Corpo de Cristo. Daí inexiste orientação apostólica para buscar o batismo espiritual.

Diante disso, pode-se afirmar que o dom é concedido para o serviço cristão; nunca para proveito pessoal. Além de que todo crente está no mesmo patamar – posição igualitária, pois estão em Cristo.

A alegação de que há um dom de oração proveniente do Espírito posterior à salvação não se sustenta ao considerar o ensino geral da Escritura. É fato que ao torna-se cristão a pessoa recebe o Espírito Santo. Este por sua vez confere poder espiritual, e mediante sua habitação no crente, auxilia em tudo, inclusive no tocante à oração.

No entanto, a assertiva de que o crente pode se expressar com gemidos inexprimíveis não é procedente. O texto em questão diz que o Espírito Santo intercede diante do Pai com gemidos inexprimíveis, porém, não afirma que é o modus operandis do crente é o mesmo.

No livro de Atos mostra que nos três casos em que houve línguas tratava-se de línguas inteligíveis. Eram línguas reais. Ademais, não foram buscadas. Não foi adotado expediente humano para obter o fenômeno genuíno.

Já em Corinto o apóstolo Paulo admoesta os crentes de tal modo que ao deixarem as atitudes inadequadas os problemas concernentes às línguas cessariam. Transparece no texto que não se referia só ao uso inapropriado, mas pelo contexto sugere que a origem do fenômeno era doutra natureza.

De qualquer forma o apóstolo requer ordem e decência na reunião cúltica. Além disto, impõe a necessidade de inteligibilidade no culto, principalmente, em relação às línguas.

Uma digressão se faz necessária: ao descrever variedade de línguas Paulo versa sobre várias línguas étnicas, excluindo assim línguas ininteligíveis.

Aos que advogam que línguas incompreensíveis é sinal do batismo espiritual, e para beneficio próprio, vale lembrar que Paulo afirma que as línguas não são sinais para os crentes, mas sim para os descrentes.

Fiquemos, pois, com aquilo que a Bíblia preceitua. Que Deus nos abençoe, portanto.  

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